terça-feira, 3 de julho de 2007

As duas voltas de um jogo só. A eleição intercalar da câmara municipal de Lisboa, marcada para o próximo dia 15, é a primeira volta das eleições municipais gerais estimadas para o outono de 2009. O que significa cruamente, entre outras, duas coisas. Por um lado, ao contrário do que pretendiam - se pretendiam - muitos do que clamaram a ida a votos como solução para o problema do município de Lisboa, há problemas que não se resolvem por via eleitoral. A eleição intercalar da câmara municipal de Lisboa pode ser um momento necessário desse processo, mas, por si, tal sufrágio não terá o alcance terapêutico desejado. Basta atentar, por exemplo, no caso bizarro de a eleição cingir-se ao órgão executivo, mantendo o órgão deliberativo, a assembleia municipal, a constituição actual, decorrente da eleição em Outubro de 2005. Por outro lado, importa que as diversas candidaturas clarifiquem as posições e disposições no que concerne à pauta política municipal que propõem e não exorbitem. Pelo que insistir na confusão dos planos políticos, utilizando a eleição intercalar da câmara municipal de Lisboa para atenazar o governo, é revelador do carácter deslocado das intenções e dos propósitos de quem, afinal, ao invés do que apregoa retoricamente, não sabe ou não quer contribuir para resolver o problema do município da capital. Não é a mexer em peças de xadrez que se consegue um royal flush. (SF)