sexta-feira, 13 de julho de 2007

KISS - Keep it short and simple - not stupid please!


Profissionais chumbam campanha eleitoral de Lisboa
13 de Julho de 2007

, por
Filipe Pacheco
A campanha para as eleições intercalares para a Câmara de Lisboa não trouxe nada de novo, afirmam os especialistas em comunicação contactados pelo M&P.A comunicação em outdoor, que é dos meios mais usados pelos políticos durante os períodos eleitorais, é considerada por todos conservadora, má e pouco desafiadora. Ricardo Monteiro, presidente da Euro RSCG Portugal, analisa alguns casos. Relativamente a António Costa, candidato PS que vai à frente nas sondagens, descreve: "A comunicação é muito cafona, envelhecida e muito dirigida a pessoas de 40 a 60 anos. É uma mensagem típica de quem está por dentro do establishment político, ou seja, conservadora, sem desafio e pouco apelativa". E, embora admita que esta estratégia tenha sido utilizada para se adequar a esse público-alvo, o responsável da Euro RSCG acaba por sentenciar "que não tem qualquer arrojo". Ao referir-se à campanha de Fernando Negrão, candidato do PSD, afirma que, embora pretenda ser arrojada, acaba por transmitir uma mensagem contra o governo, o que, no seu entender, "é ridículo e deslocado". E explica: "Com a mensagem que está colocada nos cartazes, a campanha social-democrata acaba por ser de oposição ao governo da nação e não uma candidatura à CML". Considerando as outras campanhas igualmente pobres, há, porém, uma que, para Ricardo Monteiro, destaca-se pela positiva, a de José Sá Fernandes, candidato do Bloco de Esquerda. "Em termos de criatividade, é a mais profissional e aquela que mais se destaca, uma vez que é aquela que contém uma mensagem mais facilmente apreendida pelas pessoas, Pelo menos ali, as pessoas sabem que está uma candidato anti-establishment", afirma. Contudo, "o defeito que encontro é a mensagem passar num tom demasiado 'publicitoso', no sentido em que não existe talvez ali a seriedade necessária, sendo que com a exiguidade de meios de que dispõem é difícil fazer passar uma mensagem positiva."
José Carlos Campos, director criativo da Strat, é igualmente da opinião que, neste aspecto, a campanha de Sá Fernandes é aquela que mais se destaca pela positiva. "De todas elas, considero que é a mais interessante", lamentando, no entanto, que "sendo a campanha de um partido que, ao longo da história recente, foi extremamente criativo, provavelmente esperaria um pouco mais da campanha do José Sá Fernandes. Mas considero a melhor dentro de uma bitola muito baixa".
Susana Monteiro, directora-geral da Parceiros da Comunicação faz uma avaliação negra da campanha. "Em traços gerais, a avaliação que faço desta campanha é muito negativa, uma vez que não estamos a assistir a propostas políticas, mas a uma guerrilha partidária, sobretudo entre o PS e O PSD", começa por referir, apontando, de seguida, as baterias aos candidatos em geral: "Lisboa merece um debate com propostas claras concretas e estamos a assistir a tudo menos isso. Os lisboetas não merecem o que está a acontecer nesta campanha, pois não sabe identificar as ideias de cada um", aponta.



Isto não deixa de ter a sua piada, todos sabemos que são alguns deste senhores que fazem as campanhas para as diferentes candidaturas. Os acima entrevistados, terão sido alguns dos que perderam este comboio? Em todo o caso não deixam de expressar uma opinião profissional sobre um assunto que ainda é tratado em Portugal com uma certa dose de amadorismo.


Opinando sobre as opiniões dos marketeers, deixo apenas algumas questões para os próprios e nós todos respondermos:


Quanto à campanha de António Costa, não será “a comunicação (…) muito dirigida a pessoas de 40 a 60 anos” propositada? Todos sabemos qual é o tecido etário dos habitantes de Lisboa, para alem de que o candidato do PS tem uma imagem bem mais coloquial do que a da maioria dos outros candidatos, pelo que, não necessita trabalhar esta faceta nos seus outdoors.


Quanto à campanha de Fernando Negrão, reunisse ela a mesma unanimidade nos elogios que merece nas criticas -"é ridículo e deslocado"- será que mesmo assim o homem conseguia chegar aos 50% … do eleitorado do PSD?


Quanto às mensagens do bloco, não devemos dizer só mal e depressa, provavelmente grande parte dos relativos êxitos eleitorais que têm tido nos últimos anos, ficam-se a dever à criatividade e eficiência comunicacionais deste agrupamento politico. No entanto, não é despiciendo verificar que os rapazes do Bloco “estão a perder o gás”.Será pelo aburguesamento no pequeno poder? A verdade é que toda a mensagem do Bloco para estas eleições – “O Zé faz falta!”, podia bem ser a mensagem da lista do PS – O Tó faz falta! – e não resultaria até bem mais credível com António Costa?


Tiremos as devidas elações e aprendamos com quem faz bem, o Bloco faz boas campanhas, o PS faz bons executivos.


No domingo o “Tó” vencerá! Com a certeza porem, que é sempre possível fazer melhor, e que o segredo para essa evolução é integrarmos na nossa praxis os bons ensinamentos que retiramos das virtudes e até dos erros dos nossos adversários.


NF