quarta-feira, 4 de julho de 2007

A Lisboa o que é de Lisboa

Começam a vir de quase todos os lados os apelos à "nacionalização" das eleições autárquicas de Lisboa. Até de onde menos se esperaria e de a quem menos interessa uma leitura nacional dos resultados do próximo dia 15 (estou a referir-me, obviamente, a Marques Mendes).

Ora, tais apelos são feitos, naturalmente, por quem se está nas tintas para Lisboa e, à boa velha tradição politiqueira, apenas quer retirar dividendos de uma "suposta" ou "desejada" penalização do Governo nas urnas.

Sucede que não é o Governo que está a votos. E se isso é sempre assim em eleições autárquicas, nestas mais ainda o é, visto que ocorrem num único concelho (e não a nível nacional) e numa conjuntura local muito própria, marcada pela crise - financeira e de credibilidade - em que a CML se viu recentemente mergulhada.

Assim, quem tudo mistura apenas procura confundir os eleitores. Pior, quem tenta transformar estas eleições num cartão amarelo ou numa moção de censura ao Governo revela que, das duas uma:

- ou já entrou numa estratégia de desespero, percebendo que irá ter um péssimo resultado nas autárquicas, e então mais vale tentar aproveitar qualquer coisinha, usando a campanha para "malhar" no Governo e, assim, provar que se sabe fazer uma oposição feroz - casos do PSD e do CDS-PP;

- ou, também em desespero de causa, procura ao menos "segurar" o eleitorado tradicional, com a cassete da política de direita - caso da CDU.

De uma forma ou de outra, prestam um mau serviço a Lisboa.

Ruben de Carvalho chegou mesmo a afirmar que, por António Costa ser do PS (o mesmo partido do Governo), está automaticamente excluída - à partida, e independentemente das ideias e dos projectos para Lisboa - qualquer hipótese de coligação na CML.

Ora, quem assim procede está a auto-excluir-se de ser (ou poder vir a ser) uma solução para Lisboa. O voto na CDU passou a ser inútel, pelo menos para quem queira contribuir com o seu voto para uma solução de governação da cidade.

Talvez a CDU até consiga cativar alguns descontentes com o Governo, mas aqueles eleitores que estão genuinamente preocupados com Lisboa e interessados em resolver os problemas de Lisboa não vão certamente votar em quem apenas se centra na crítica ao Governo e não está disponível para contribuir para a resolução dos problemas da cidade.

TA