sábado, 23 de junho de 2007

Lisboa em marcha atrás

Já falei aqui da linha demagógica do PSD, pensando que viesse a ser um eixo relevante da campanha de comunocação da candidatura de Negrão. Aparentemente enganei-me: é o único eixo relevante da candidatura de Negrão. Hoje passava na 2.ª circular quando vi os novos cartazes. Ideias? Equipa? Prioridades? Nada disso.

Os novos cartazes seguem na linha demagógica anterior, mas procuram subir a parada. Enquando o primeiro se limita a dizer que Lisboa precisa de Governo e não do Governo, fazendo questão de apostar no sublinhado, no caso do eleitor alfacinha não captar de imediato a genialidade do trocadilho, o segundo é que é mais emblemático da febre populista. O referido outdoor oferece-nos uma reprodução de boletim de voto em que as opções são OTA e LISBOA, aparecendo a cruzinha em frente da opção OTA.

Em primeiro lugar, é demagogia fora de prazo, uma vez que a questão se encontra em stand by. Nessa medida é revelador de algum desespero - trata-se de tentar a todo o custo manter viva uma questão que supostamente castigaria a candidatura de António Costa. Ora, não só este último efeito está longe de ser uma realidade, como a insistência de Negrão começa cada vez mais a parecer oportunista da sua parte.

Em segundo lugar, é demagogia inconsistente com a linha do próprio PSD, o qual tem afirmado que o resultado dos estudos em curso deverá prevalecer, mas que anda longe de estar associada firmemente à solução Lisboa +1 (não que isso possa chocar o candidato a autarca, que não se lembrou de nenhum destes aspectos quando foi ministro no Governo que consolidou a opção pelo novo aeroporto).
Finalmente, é uma estratégia demagógica que potencia a discussão das incoerências do candidato Fernando Negrão e volta a sublinhar a ausência de ideias para o resto, como já foi várias vezes dito. One issue candidates são um perigo para si mesmos quando a questão se esgota. Neste caso ainda é mais triste: não só a questão já está esgotada, como nem sequer faz parte das atribuições do município, nem está a ir a votos. A campanha do PSD em Lisboa começa a parecer um Titanic a esforçar-se por acertar no maior número de icebergs possivel antes de ir ao fundo...
PDA

"Eu é que sou o presidente da junta..."

Alguém se lembra desta rábula do Herman José? Para quem já se esqueceu, a candidatura de Fernando Negrão decidiu agora ressuscitá-la. Os novos cartazes do PSD, nos quais aparece a cara de Fernando Negrão com a frase "comigo quem manda não é o Governo, é o Presidente" parecem reeditar aquela rábula.
A verdade é que não se compreende por que motivo continua o PSD a insistir na figura de Fernando Negrão - ainda nem sequer apareceu um cartaz com as principais figuras da lista do PSD - quase como se pretendesse personalizar a campanha eleitoral. Ora, de todas as candidaturas, é à do PSD que menos interessa personalizar a campanha pela simples razão de que tem um péssimo candidato. De facto, Fernando Negrão não sabe, literalmente, o que anda a fazer: não tem uma ideia para Lisboa, não conhece os problemas da cidade, e parece nem sequer conhecer as posições do próprio PSD sobre as questões que interessam aos lisboetas.
Por outro lado, a estratégia de "colar" a candidatura de António Costa ao Governo, além dos outros perigos e incongruências que revela e que o DF já salientou, pode ainda virar-se contra o PSD: é que, depois, não podem deixar de se tirar as devidas ilações da vitória de António Costa, quer para o PS, quer para o PSD e, em concreto, para Marques Mendes.
Quanto a Fernando Negrão... por mais dura que venha a ser a derrota, estará de certeza disponível para qualquer cargo, em qualquer lugar e em qualquer momento.
AL

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Debates

Debates.

Pelo que sei está-se a preparar um debate a 12. Se for de duas horas cada candidato tem direito a 10 minutos. Isto sem intervalos, sem interrupções, sem confronto, nada. 10 minutos.
Qual é a ideia? Dizer que se fez um debate a 12? Assumir a pluralidade democrática? De quem é o interesse do debate? Dos concorrentes e das suas entourages ou de quem os está a ver e ouvir, i.e., os eleitores? É que estes não vão ficar nada esclarecidos neste cenário a 12.

Soube também, pelo Daniel Oliveira, que se estavam a preparar uma série de duelos a dois na TSF. Seria este o escalonamento dos confrontos:
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António Costa vs Carmona Rodrigues.
Fernando Negrão vs Helena Roseta.
Ruben de Carvalho vs Telmo Correia
José Sá Fernandes vs… Gonçalo da Câmara Pereira
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Concordo com o Daniel que diz que só pode ser piada. Não é que não pudesse ter interesse o debate Sá Fernandes x Gonçalo da Câmara Pereira, mas temos de admitir que o critério de emparelhamento é, no mínimo, muito discutível. (até se podia adivinhar algo como Negrão x Carmona, Roseta x Ruben, Telmo x Sá Fernandes; o problema é que António Costa não podia ser só entrevistado… claro que se retirassem o Telmo Correia do bolo…)
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Também não me parece ser esta uma solução.
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Aqui propusemos duelos online, patrocinados pelas candidaturas, mas debateres 12 candidatos entre eles seriam… 66 debates. Se foram a 2 horas cada teríamos 132 horas de debates, ou sejam cinco dias e meio…
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É uma solução difícil.
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Lembrei-me, então, de um outro formato, que é o modelo seguido nas presidenciais norte-americanas. Há um pivot que concentra a condução do programa. Todo a sessão é de perguntas e respostas. As perguntas são previamente entregues aos candidatos, que assim as preparam com a antecedência necessária para as poderem responder dentro do tempo previamente combinado. Assim reduz-se o desperdício e maximiza-se a iniciativa.
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As perguntas podem vir de diversos lugares, quer de editores dos principais órgãos de comunicação social (RTP, SIC, TVI, Publico, RR, DN, TSF, etc), quer do público em geral (através da net, se selecção de questões da audiência, etc.), quer ainda dos próprios candidatos. Há ainda um período de questões directas, de SIM / NÃO (exemplo: «Faria uma nova ponte sobre o Tejo?» ou «extinguiria empresas municipais?»). No final é dado 1 minuto e meio para alegações finais e termina o debate.
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O sistema não é perfeito, mas é mais aproveitável e esclarecedor que os debates ocorrentes em Portugal; onde qualquer questão posta é respondida a três tempos: o da pergunta anterior, o da questão em si e o da questão que gostaríamos de estar a responder.
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Fica a ideia.
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JRS

Sondagem


Como já aqui adiantou o Rui Branco, temos nova sondagem. Este é o quadro acomulado (via Margem de Erro)

A distribuição de vereadores é esta:
António Costa: 36,2% - 8 vereadores
Carmona Rodrigues: 13,6% - 2 vereadores
Fernando Negrão: 12,8% - 2 vereadores
Helena Roseta: 10% - 2 vereadores
Ruben de Carvalho: 9,3% - 2 vereadores
José Sá Fernandes: 4,4% - 1 vereador
Telmo Correia: 1,6% - 0 vereadores
Outros - 0 vereadores
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Algumas leituras.
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1. De uma maneira geral confirma-se o que aqui expus: só António Costa concorre à Presidência da CML. É cada vez mais evidente (como, aliás, tem vindo a ser denunciado aqui pelo Pedro Delgado Alves).
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2. Adivinha-se uma acérrima luta pelo segundo lugar, importante para Marque Mendes, que se perder para Carmona estará em muitos maus lençóis. Helena Roseta assume-se como candidata ao segundo lugar.
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3. Ruben mantém a votação PC, mas não acredito que possa colocar subir além dos 8/9 %.
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4. Sá Fernandes oscila e cai, Telmo Correia continua insignificante.
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5. Confirma-se a polarização do voto entre as «segundas escolhas» com 4 concorrentes a elegerem quatro vereadores. Aliás, o PS obtém o oitavo vereador exactamente por causa dessa polarização, não sendo certo que o consiga manter. Resta saber quem o consegue «agarrar».
6. Em relação ao futuro governo camarário, ao se confirmar estes resultados, o PS necessitaria de estabelecer uma coligação ou um qualquer acordo do governo. Sinceramente, apesar de não ser contra coligações, entendo que a gravidade da situação da CML justificaria uma maioria clara para que nos próximos dois anos se possam trilhar caminhos seguros vis a vis a sua recuperação financeira e política. A necessidade de coligações, nomeadamente em casos de sistemática negociação ou de negociações avulso, pode impedir que se mantenha uma firmeza de acção, decisiva nesta fase, e colocar a CML num impasse desatroso.
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Claro que eleições em Julho, com uma abstenção estimada na casa dos 40-50% destroem qualquer validade significativa dos estudos de opinião, colocando o patamar de incerteza em níveis elevados. Neste domínio a estratégia de «segurar votos» poder dar proveitos interessantes em relação aqueles que tem de se colocar no marcado eleitoral numa dinâmica de «Catch All».
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Parece-me, no entanto, que estamos no bom caminho. Esta primeira fase da campanha apresentou o candidato António Costa, a sua equipa e o seu projecto para a cidade. O projecto é muito bom, a equipa traz mais valias importantes para o futuro governo da autarquia e o currículo do candidato é incólume. Há, então de manter esta dinâmica, procurando apostar na maioria absoluta, única forma de possibilitar à CML a recuperação que dela desejamos.
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JRS

Consenso artificial

Uma das sugestões de Helena Roseta para a gestão urbanística quotidiana passa por recuperar uma medida por si implementada em Cascais quando presidiu aos destinos daquela autarquia, criando uma comissão composta por um vereador de cada formação política para proceder a uma apreciação preliminar dos pedidos de licenciamento. Percebo o objectivo da medida , que passa por consensualizar ao máximo uma das áreas problemáticas da gestão da cidade. Contudo, tenho sérias dúvidas quanto à eficácia da medida, ou mesmo quanto à legitimidade das suas consequências.
Quanto à eficácia, a vista prévia pela eventual comissão de apreciação de licenciamentos arrisca-se a representar uma engrenagem adicional numa máquina administrativa que ainda é morosa, agravando a lentidão dos procedimentos. Quanto à legitimidade, a proposta de representação paritária de todas as forças políticas que integram a câmara desvirtua a representatividade dessas mesmas formações e pode incorrer no risco de dificultar a responsabilização pelas suas opções em matéria urbanística.
Quando o consenso existe ou é susceptível de ser alcançado através da convergência de posições próximas ou até divergentes, ele representa uma forma de reforçar a legitimidade da decisão (o que em tempo de dificuldades e de crise é particularmente relevante). Já o consenso forçado, ou potenciado artificialmente, pode acabar por vir a ter efeitos perversos opostos ao pretendido.

PDA

Por este caminho...

Fernando Negrão aderiu à lógica anunciada pela CDU para a campanha de Lisboa: esqueçam lá a cidade, nós estamos nisto é para derrotar o Governo. O novo cartaz do candidato do PSD é de uma demagogia populista que não se via para os lados da São Caetano à Lapa desde os tempos de Santana Lopes. “Aqui não manda o Governo” é reminiscente do pior da campanha para as legislativas de 2005: nem uma ideia, apenas a fulanização integral do discurso. Depois da infeliz prestação na SIC Notícias, em que de todos os candidatos foi o que menos demonstrou domínio dos dossiers e propostas para a revitalização da autarquia (esquecendo-se até por vezes que já não estaria em Setúbal), Fernando Negrão não só não arrepia caminho como ainda vem brindar os lisboetas com uma enorme falta de honestidade política e de seriedade na discussão.
Se o PSD acha que vai ser suficiente para um resultado honroso passar a campanha a assobiar para o ar em relação à gestão anterior com um filosofia de “eu não sou de cá só vim ver a bola”, concentrando o seu discurso no ataque ao Governo, está a enganar-se e a condenar-se ao fracasso. Ao abdicar de um discurso ambicioso de quem quer governar a cidade e recolocá-la no caminho do desenvolvimento, assumindo-se como alternativa para gerir o município e procurando transfigurar-se depois do descalabro do último mandato, o PSD arrisca-se a não conseguir capitalizar sequer a sua base tradicional de apoio na cidade de Lisboa e a hipotecar a sua intervenção nos dias em que, se tudo correr como espero, passar à oposição no executivo camarário.
PDA

Infelizmente, para Negrão

O Diário Económico publica hoje uma entrevista com Fernando Negrão, o «candidato fortíssimo» de que falava a líder do PSD Lisboa, Paula Teixeira da Cruz. Às tantas, o jornalista observa, e bem, que Negrão agora «defende a opção Portela + 1, mas o PSD defendia o Poceirão…» Contra todas as evidências, o «candidato fortíssimo» nega, e põe-se a dissertar sobre a importância da sinédoque no processo discursivo de Marques Mendes: «Não. Lembro-me de uma visita que Marques Mendes fez ao Poceirão, simbolicamente, como sendo a Margem Sul.» Infelizmente para Negrão, a visita de Marques Mendes ao Poceirão está documentada no próprio órgão oficial do PSD, o imprescindível Povo Livre. É que nessa visita, o presidente do PSD não se fez acompanhar por nenhum professor da Faculdade de Letras de Lisboa, mas sim por Paulino Pereira, do Instituto Superior Técnico. E o Engº Pereira foi muito claro: «Entendo que o Poceirão vai ter capacidade para se tornar o grande nó ferroviário, rodoviário e de ligação aos portos e o grande aeroporto de Lisboa.» Mendes anuiu: «O Poceirão é uma boa alternativa à Ota – mais barata, mais económica, mais eficaz e mais operacional.»

RB

O perigoso argumento

Agora que, devido aos recentes cartazes de Fernando Negrão, se vai tornando clara a estratégia de ataque do PSD a António Costa, importa voltar a um tema já aqui glosado pelo Sérgio Faria.

Num recente cartaz de Negrão, diz-se qualquer coisa como, comigo quem manda não é o Governo, é o Presidente.

Esta referência clara à candidatura de António Costa, excluído o argumento jurídico, já tratado pelo Sérgio, merece-me três notas, cada uma menos abonatória para o PSD e para Fernando Negrão.

Primo, ir buscar o argumento da governamentalização do poder autárquico é querer tratar uma unha encravada com uma amputação: hoje dá jeito ao PSD esta técnica, amanhã se voltar ao Poder está aberto o precedente para que se possa perguntar, com toda a legitimidade, se o PSD controla todas as Câmaras do país que tiverem autarcas eleitos pelas suas listas...

Secundum, não é preciso ser um génio político para perceber que António Costa é o último dos candidatos socialistas a quem interessa estar associado a uma ideia de governamentalização do poder camarário de Lisboa. Mesmo quando era Ministro da Administração Interna e n.º 2 do Governo, António Costa era-o por mérito e competências próprias e não apenas como mero vicário do Primeiro-Ministro. Aliás, surge comummente referido com o outro grande peso-pesado político do Governo PS. Daí que a sua candidatura para Lisboa surja, desde logo, como uma afirmação de autonomia e de projecto político próprio, distinto do Governo PS, mas com a vantagem de com ele se poder articular.

Tertio, mesmo abstraindo desta duas notas, o que se explica por algum desespero que leva o PSD a não se preocupar com as possibilidades futuras ou a ver o óbvio(e em política quase sempre a memória é curta e de pouca valia), há que dizer o PSD está a dar um tiro no pé. A ser verdade o argumento de que há manipulação do poder autárquico pelo partidos e/ou pelo Governo, o PSD tem tantos pés de barro como qualquer outro partido ou candidatura. Se não mais. Recentemente vieram a lume afirmações que implicaram Marques Mendes na escolha de funcionários de empresas municipais, passando por cima da decisão de Carmona Rodrigues. É, por isso, no mínimo, pouco estratégico, vir agora com esta conversa.

Faz falta um Josh Lyman na candidatura de Negrão para ver se se evitam erros grosseiros destes...
DF

1,6%: um número que vale por mil imagens

«Paulo Portas, que, de fato e gravata, acompanhou mais de longe a tarefa de limpeza de graffiti, afirmou que "há imagens que valem por mil palavras".». [Público de hoje]



[sondagem realizada pela Aximage e publicada hoje nos jornais Correio da Manhã e Record]

RB

quinta-feira, 21 de junho de 2007

De quem será a culpa?

No Público de hoje, p. 26:

«Lisboa foi considerada uma das cidades portuguesas com pior qualidade de vida num inquérito realizado pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) a mais de dois mil habitantes de 18 capitais de distrito do continente.
(...)
«Emprego, segurança e combate ao crime, acesso a cuidados de saúde e habitação foram os factores com maior peso para determinar a satisfação dos inquiridos com as cidades em que vivem. A lista de critérios para a avaliação incluiu ainda aspectos como mobilidade e transportes, ambiente e poluição, educação, cultura, lazer e desporto e comércio e serviços.
(...)
«A capital portuguesa destacou-se pela negativa na avaliação de critérios como a qualidade das habitações, a segurança e combate ao crime, a transparência da autarquia e sua resposta às necessidades dos munícipes e o trânsito. No que diz respeito à facilidade em encontrar emprego e ao acesso a cuidados de saúde, Lisboa surge aproximadamente a meio da tabela.
(...)
«Lisboa é considerada a pior cidade em termos de transparência da autarquia e os seus habitantes, juntamente com os de Leiria e Setúbal, mostram-se insatisfeitos com o funcionamento dos serviços municipais. Na análise da mobilidade, Guarda, Lisboa e Porto destacam-se pela dificuldade em encontrar estacionamento e, no que diz respeito ao acesso a cuidados de saúde, Coimbra teve a melhor classificação e Bragança a pior.
(...)
«Lisboa destacou-se pela negativa pela qualidade das habitações, combate ao crime e transparência da autarquia. »

TA

Dura lex, sed lex. Vários candidaturas, nomeadamente pela voz da ou dos testa de lista em causa, têm lavrado e animado uma tese tão estúpida quão delirante: que a candidatura socialista à eleição intercalar da câmara municipal de Lisboa, ai, ai, prepara-se para entregar a administração do município lisboeta ao governo. A tese é francamente desassisada, tão para além do limiar do trambelho que, mesmo que - admita-se o absurdo - tal fosse a intenção da candidatura socialista, é evidente que esse cenário jamais será possível concretizar-se. Porquê? Porque o regime jurídico vigente em Portugal, expressor de princípios como a descentralização administrativa, a subsidariedade e a autonomia das autarquias locais, não permite. Isto, claro, para não invocar a sensatez. SF

Direito à árvore!

Depois de se propor espetar agulhas pela cidade, Helena Roseta revelou-nos - durante o debate na SIC-Notícias - outro pormenor bastante interessante da sua candidatura: o direito à árvore.

E, se todos temos direito a uma árvore, então eu quero uma assim:



TA

Considerações soltas de um debate morno


Considerações soltas de um debate morno

O debate ontem da Sic Not foi morno. Era de esperar que assim fosse, mas desiludiu pela falta de verdadeiro combate político, confronto de ideias e exposição de argumentos. Era difícil fazer melhor neste cenário de 7 concorrentes? Talvez. Mas quem perde são os lisboetas, os que votam, que não conseguiram ver a melhor luz os seus candidatos.
Era espectável que esta primeiro encontro entre os principais candidatos fosse táctico, defensivo e cauteloso. Afinal, ninguém quereria parecer demasiado ansioso, arrogante ou prepotente. Foi, para utilizar uma metáfora desportiva, um jogo de marcações à zona, por vezes num misto zona / homem-a-homem (como o par Sá Fernandes / Telmo Correia), demasiado defensivo e com poucas oportunidades de golo.
No jogo das expectativas António Costa saiu-se muito bem, uma vez que era, à entrada do debate, o alvo a abater por todos os candidatos. Carmona Rodrigues decepcionou por não saber reconhecer a «sua obra» (leia-se o buraco financeiro e a situação de descontrolo que se vive hoje na CML), parecendo viver num outro mundo, enquanto Fernando Negrão apresentou-se como não pertencendo ao baralho lisboeta. As dificuldades em dizer a palavra «Câmara Municipal de Lisboa» foram evidentes (saiu um bom par de vezes «Câmara Municipal de Setúbal). Dos dois esperava-se muito mais. Esperava-se que se apresentassem a disputar a liderança da autarquia, e nunca o fizeram. Carmona só quer ser eleito e ficar à frente de Negrão. Negrão só quer ser eleito e ficar à frente de Carmona. Nenhum deles tem algum plano para a cidade.
Ruben de Carvalho não desiludiu, na medida em que fez o que dele se esperava: não perder votos. Falando exclusivamente para o eleitorado comunista, de Ruben de Carvalho esperava-se que conseguisse sair da cassete PC e entrar pelo menos na «luta das esquerdas» (com Helena Roseta e Sá Fernandes, e António Costa). É uma estratégia inteligente, pois segurando o eleitorado comunista num cenário de grande abstenção pode traduzir-se na manutenção do segundo vereador.
Nas «novas esquerdas», Sá Fernandes desiludiu, e Helena Roseta mostrou que está na luta para a segunda posição. Em Sá Fernandes o problema é… Helena Roseta e… Sá Fernandes. Helena Roseta porque ela apresenta o discurso que ele queria apresentar: o independente, a participação cívica e tal (como o fez há dois anos). O seu segundo problema é ter elevado a sua fasquia a um nível elevado, fazendo que qualquer intervenção mediana seja fraca. Foi o caso. Já Helena Roseta, ocupando com mestria o espaço da «esquerda urbana» tão querida ao BE (não foi por acaso que o bloco tentou até à ultima fundir as duas candidaturas), soube capitalizar a simpatia que promove, em relação a si, à sua candidatura e ao ideal que promove (como antes Alegre o tinha feito). Tem poucas ideias, é inconsequente, mas não interessa. Joga como poucos com a imprensa e será uma força a ter em conta no dia 16 de Julho. Pena é que nem tenha equipa nem projecto.
Telmo Correia teme em não existir.

Vejamos a análise individual

António Costa
Já dissemos que se saiu bem. Foi cauteloso, defensivo e «presidenciável», como referem alguns comentadores. Apesar de gostarmos de o ver em cenários mais ofensivos, mais ainda quando tem claramente a melhor equipa e o melhor projecto, entende-se que nãos e tenha exposto tanto. Afinal era quem tinha mais a perder, se o debate lhe corresse mal. Penso que estará um pouco indeciso entre pedir uma maioria absoluta e estudar as potenciais coligações pós eleitorais. Mostrou porque é o único a concorrer à presidência da CML.

Helena Roseta
Muito inteligente na postura apresentada. O seu charme, pessoal e feminino, funcionou na perfeição. Apesar de demasiado circular no discurso, de apresentar propostas irrealizáveis (como a do comité do urbanismo) escapou ao confronto directo. Mostrou-se elegível, tranquilamente, e começou a negociar com António Costa um cenário pós eleitoral.

Sá Fernandes
Tem um grave problema em Helena Roseta. A presença da arquitecta obriga-o a apostar num jogo mais ofensivo, mais atacante, numa tentativa de [1] solidificar o seu eleitorado e [2] marcar que é a esquerda não comunista (nem socialista) nesta eleição. Foi esse o desenho táctico do ataque a Telmo Correia, que me pareceu mal sucedido e denunciado. Terá dificuldades na campanha em se desligar do elan de Roseta.

Ruben Carvalho
Pouco de novo. Demasiada cassete. Por vezes pareceu-me a Odete Santos, honestamente, não pela emotividade da eterna comunista mas pela sucessão de sondbites e clichés com que nos presenteou. Não se distinguiu em nada, apostando totalmente numa táctica de controlo de estragos em relação ao eleitorado da CDU. É essa a táctica comunista: não perder votos nesta eleição (o que lhe pode manter o segundo vereador)

Telmo Correia
Parece que está a fazer tudo para não ser eleito, o que para o CDS seria uma estreia. Já era difícil com Carmona na corrida, com Maria José Nogueira Pinto a apoiar António Costa e com o CDS numa clara «mó de baixo». É arrasante colocar numa mesma frase a questão homossexual, a toxicodependência e a segurança, parecendo que todos os problemas de segurança da cidade proviessem de toxicodependentes gay. Terá muitas dificuldades.

Fernando Negrão
Não sabia ao que ia. Pareceu distante, pouco informado e incosequente. A tirada de ter colocar pelouro do urbanismo na dependência da presidência da Câmara pelo seu valor simbólico só pode ser piada. E o engano entre Lisboa e Setúbal mostra que nem sabe bem de onde vem, nem o que anda por aqui a fazer. Para quem acusa António Costa de andar colado ao Governo (de onde foi, lembra-se, Ministro até há um mês) é um decalque do PSD de Marques Mendes: nada tem para dizer. Parece perguntar: para Lisboa? A sério?

Carmona Rodrigues
Aquele de quem tinha mais expectativas. Parece ser viver num qualquer sonho utópico, uma vez que não reconhece a situação calamitosa da CML. Há muitos departamentos sem papel higiénico, as dividas a fornecedores são graves, a CML está, na prática, em falência técnica, paralisada e sem credibilidade. O único que parece não o querer ver é Carmona. É um contender, não para a presidência mas para a vereação. Será um bom combate, o das direitas.

Conclusão.
Confirmou-se que apenas António Costa se apresenta como candidato à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, sendo que todos os outros candidatos o são apenas a vereadores. É muito interessante quer a disputa geral pelo segundo lugar, aparentemente aberta entre Helena Roseta, Carmona e Negrão, quer os campeonatos ideológicos, nas direita e nas esquerdas. António Costa, ao ocupar o centro, parece afigurar-se distante destas disputas «partidárias», preocupando-se exclusivamente com o governo futura da cidade (e não com a conquista de alguns desses campeonatos).
Esperam-se mais debates, pelo menos um a 12 (que adivinho seja na RTP) e mais alguns na Sic Not (não sei bem com que critérios, mas não interessa, pois a estação de Carnaxide pode sempre alegar critérios editoriais na escolha dos candidatos).
Deixo uma sugestão: porque não fazer duelos online?


Mais análises do debate aqui (Daniel Oliveira), aqui (Paulo Gorjão), aqui (António Pinto), aqui (CMC).


JRS

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Para a semana, há mais

Carmona Rodrigues tem dedicado estas primeiras semanas à realização de treinos à porta fechada. Está a preparar-se para «a final do Campeonato de Lisboa» (DN, 19/06/07). Este fim de semana teve ao seu lado o Edmundo dos DZert e Toy (que só cobra quando canta): foi num jogo de futsal contra a equipa do Bairro da Boavista. Já no passado dia 11 Carmona tinha participado no encontro que opôs o Sport Saudade e Benfica à equipa de futebol dos motoristas da presidência da câmara municipal de Lisboa. Leram bem: equipa de futebol dos motoristas da presidência da câmara municipal de Lisboa. Os estrategas de Carmona asseguram que «na próxima semana, Carmona expõe-se mais» (também no DN). Aguarda-se que venha finalmente para a rua, agora acompanhado do grupo desportivo dos assessores da presidência da câmara de Lisboa.



RB

Socialismo de sociedade recreativa ou «isto é uma mais-valia»



Via (ex)Ivan Nunes

DF

Lugar ao leitor

Financiadores à força

Fontão de Carvalho, ex-vereador do Executivo da Câmara, disse para quem o queria ouvir (e para quem não queria mas ouviu na mesma numa entrevista na SIC Notícias) que a partir da decisão da ex-Ministra das Finanças - Manuela Ferreira Leite - sobre os limites ao endividamento autárquico, a única solução da Câmara Municipal de Lisboa foi começar a financiar-se junto dos seus fornecedores.
Não explicou, contudo, se terá tido o cuidado de perguntar aos fornecedores se quereriam financiar a autarquia, através do processo de transformação das suas facturas em créditos mal parados. Admitamos, por momentos, que o fez. A queles que se declararam indisponíveis para participar em tal brilhante engenharia financeira, entenda-se, que declararam não quererem "ficar a arder", viram a sua pretensão satisfeita? Se sim, quem serão os 2.500 "financiadores" a quem a autarquia deve, nominalmente, menos de 10.000 euros? E os outros, com facturas mais grossas, qual terá sido a carga de água que os levou a tal magnânime e filantrópica decisão? Gente por certo meritória, mas com uma estranha forma de vida, pois que - na hipótese inverosímil - de terem renunciado ao pagamento das mercadorias e/ou serviços entregues, se transformaram de fornecedores em dadores. Imaginam os tradutores-intérpretes fazerem letra morta das sílabas ditas mas não pagas? Será possível que os pintores tenham afirmado estarem-se nas tintas para receber? Ou que os fornecedores dos Portos de Honra tenham declarado " esta rodada pagamos nós"?
Suspeito que a verdade dos factos seja bem diferente, e particularmente dolorosa para todos eles. Em rigor, e com absoluta falta deste e de outros atributos recomendáveis para quem gere financeiramente uma autarquia, ou mesmo uma retrosaria, comprar e não pagar terá sido a decisão política do autarca, a coberto da crise mas contribuindo para a aprofundar.
Comprar e não pagar, indiferentemente do dano que tal orientação provocaria nos visados, alguns dos quais consta terem ficado de "pernas cortadas" à conta de uma insensatez gestionária e de um (agora declarado) acto de má fé.
Comprar e não pagar tem cá na minha terra (que é Lisboa), e nas terras todas da língua portuguesa, um nome: calotear.
Provavelmente oriundo do francês cullote, o substantivo calote significa dívida que não se pagou ou que se contraiu sem possibilidade ou sem tenção de pagar (in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa, 2001). Calotear é, assim, a acção correspondente, e caloteiro o sujeito da acção (aquele que prega calotes). Os autores do Dicionário consultado ilustram bem o uso do termo, na citação oportuna de Urbano Tavares Rodrigues, nos Insubmissos: " Era um caloteiro inveterado e já nem se envergonhava disso".

Carlos Fogaça, Empresário

Lisboa a sério?

A campanha eleitoral para a Câmara de Lisboa passa hoje pela Assembleia da República. O CDS e o Bloco apresentaram dois projectos de resolução em defesa da chamada solução Portela+1. Ao contrário do que possa parecer, esta não é a primeira vez que se discute a questão do Novo Aeroporto nesta legislatura. No dia 3 de Abril, de 2007 (sublinhe-se), o BE e o PSD propuseram a criação de uma comissão eventual para a análise do processo de construção do Aeroporto Internacional de Lisboa. No projecto de Bloco, lia-se que «existe na sociedade portuguesa um consenso alargado sobre a necessidade de um novo aeroporto internacional de Lisboa». Mais, para que não restassem dúvidas, a deputada Helena Pinto reconheceu então o seguinte: «Que o Aeroporto da Portela estará esgotado a curto prazo, é o único ponto em que toda a gente está em consonância». E, de facto, em consonância com a deputada Helena Pinto, os partidos dos deputados Fernando Negrão e Telmo Correia viabilizaram o projecto do Bloco de Esquerda em que isto era dito. Na altura, o Dr. Marques Mendes andava a passear pelo Poceirão e o Prof. Carmona Rodrigues arrastava-se nos Paços do Concelho. Agora que as eleições intercalares de Lisboa estão marcadas, PSD, CDS e BE, no seu conjunto - e não apenas os seus candidatos à câmara - lembraram-se da «manutenção do aeroporto da Portela em complementaridade com o novo aeroporto, existindo um período de transição faseada, em que ambos podem coexistir» (como se lê no projecto do BE). Parece que o +1 «até pode ser em Sintra», e, como é evidente, o «período de transição faseada» termina no próximo dia 15 de Julho.

RB

terça-feira, 19 de junho de 2007

Debate na SIC

«Ai onde eu me fui meter!»



Quais foram as propostas de Negrão para Lisboa? Um segredo bem guardado.

AMC

Duas palavrinhas: Lipari Pinto

Como é que isto:
«Quem integrar as minhas listas terá a menção expressa de que a Câmara Municipal não será mais uma agência de empregos. Comigo a agência de empregos acabará(Fernando Negrão ao Expresso de 26-5-2007)

Joga com:


Sérgio Lipari Pinto faz parte da lista do candidato Fernando Negrão

Quando Fernando Negrão diz que quer acabar com a agência de empregos na Câmara ao mesmo tempo que faz em Lipari Pinto confiança suficiente para o ter na sua lista, concebivelmente para chamá-lo ao seu executivo camarário, o descrédito é total. A frase, aliás, é, no eu ilusionismo grosseiro, contraproducente. Até porque o «acabar com» supõe que «até aqui» a Câmara era efectivamente uma agência de empregos, sendo que «até aqui» Lipari era membro da anterior vereação, e que «antes disso», na era Santana, havia sido director-geral da Gebalis, factos que Negrão por força não desconhece. Mas também se é agora que Lisboa é «a sério», deduzindo-se que antes era - com Carmona, com Santana - «a brincar», nada disto, na sua miraculosa e insolente contradição, nos deva supreender.

Recorde-se que, segundo noticiou o Expresso, o ex-vereador Lipari Pinto assinou os contratos de 64 dos 85 trabalhadores que entraram ao serviço da Gebalis entre Julho de 2002 e Junho de 2005, período em que exerceu as funções de director-geral da empresa que tem a seu cargo a gestão dos bairros sociais de Lisboa. Os dados constam de documentos da empresa, sendo que 23 daqueles 85 funcionários eram militantes do PSD, e grande parte deles pertencia à secção dirigida por Lipari Pinto.

De facto, nada disto joga bem. E, das duas uma, ou Negrão é algo mais que irresponsável ou Negrão toma-nos por tolos. E, na verdade, talvez as suas coisas.

Duas palavrinhas: Marques Mendes. E mais duas: Carmona Rodrigues. E só mais duas: Fernando Negrão. E só mais esta: inacreditável.

RB

Em tempos de crise, é preciso unir esforços e vontades!

Para enfrentar situações de crise, são necessárias soluções fortes e sólidas. E Lisboa encontra-se, indiscutivelmente, numa situação de crise. Donde podemos concluir que Lisboa precisa de uma solução forte, que disponha das condições necessárias para, sem desculpas, dar a volta ao actual estado de coisas.

O pior que podia acontecer a Lisboa seria que, destas eleições, resultasse um impasse ou uma situação de ingovernabilidade. Não nos podemos dar a esse luxo! A situação é de emergência e requer uma acção determinada.

O resultado das eleições tem, pois, de permitir governar a cidade, tem de criar estabilidade, pois só da estabilidade poderá resultar uma política de coragem que enfrente as dificuldades financeiras e os muitos obstáculos que têm de ser ultrapassados nos próximos anos.

Se continuarmos enredados em jogos partidários e danças de cadeiras, como aconteceu até aqui, estas eleições não terão valido a pena. Mais grave ainda: teria sido pior a emenda que o soneto.

Assim, não nos podemos cansar de exaltar as virtudes da estabilidade política, pois só ela permitirá resolver a situação calamitosa em que a CML se encontra.

Lisboetas, não é tempo para experimentalismos, para opções sentimentais ou idealistas, para desperdiçar oportunidades. É tempo de unir esforços e vontades em torno de quem seja capaz de solucionar os problemas de Lisboa.

E, como todos sabemos, a única pessoa nessas condições é António Costa!

TA

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Lisboa a abrir...

é o nome de outro blogue de apoio à candidatura de António Costa. Bem vindos sejam, se vierem por bem...
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Como estão, por agora, contabilizados os apoios na blogosfera?

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Por António Costa
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Por Fernando Negrão,o site.
Por Carmona, o site.
Por Helena Roseta, o site, este blogue e este.
Por Sá Fernandes, o site e o blogue
Por Telmo Correia, o site e o blogue (que é demasiado oficial para contar como blogue de apoio...)
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É estranho, mas não se vê nas candidaturas da direita uma grande apetência pela blogosfera (tema, aliás, já lembrado pelo Paulo Gorjão recentemente). Falta de ideias? de gente? ou de atitude?
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JRS